A torcida se divide entre meio cheio e meio vazio, aí vai uma história de quem olha de fora
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| Foto: Reprodução |
Estava eu com um
colega quando conhecemos um inglês (torcedor do Burnley), ele veio a trabalho
ao nosso país e como um bom inglês, gosta bastante de futebol e rapidamente
puxamos assunto e começamos a falar sobre futebol, nossos times e etc.
Meu colega já começou dizendo: “Ele não está muito feliz, o time dele perdeu do meu!” e eu apenas assenti, mas o inglês ficou interessado e perguntou: “Vocês têm um campeonato parecido com a Uefa não é?”.
Respondi meio cabisbaixo que temos a libertadores, enquanto meu colega encheu a boca para dizer que ontem tinham goleado outro time, que apesar de ser pequeno foi uma boa goleada. Eu então me senti na obrigação de dizer que tínhamos a melhor campanha da Libertadores e que dos 6 jogos, havíamos ganhado 5 e empatado 1.
O inglês então me perguntou se o nosso grupo era fraco, e eu prontamente lhe respondi: “Não exatamente, o Boca Juniors, por exemplo, é um time de muita tradição e que incita temor nas equipes que vão jogar em seu estádio, o La Bombonera.”.
Ele logo presumiu que tínhamos empatado no estádio deles e eu orgulhoso o corrigi: “Ganhamos lá e empatamos aqui”, então ele me perguntou “Quão grande é Boca Juniors?”, respondi que era um grande time da américa do sul, um dos maiores campeões da Libertadores e ele disse: “Então é como se tivessem ganhado do Liverpool no Anfield?”e eu com um sorriso respondi que sim.
Ele então começou a falar como a campanha do Burnley estava satisfatória, ficando em sétimo lugar, atrás dos gigantes e que a torcida estava bem alegre com isso, afinal futebol são resultados e números, depois perguntou dos nossos números do ano.
Eu disse que no campeonato Paulista perdemos na fase de grupos para o rival e para um outro time, expliquei que dos 12 jogos desta fase perdemos 2, empatamos 2 e ganhamos 8. E que na fase final ganhamos a primeira partida e perdemos a segunda nos pênaltis (não entrei em detalhe sobre a final).
Conversa vai,
conversa vem, meu colega e eu acabamos explicando sobre a diferença da Copa do
Brasil e campeonato Brasileiro, e eu disse que em ambos estamos invictos, mas
que ainda é muito cedo para comemorar então, neste momento ele me interrompeu e
deu uma pequena aula:
“Meu amigo, vocês têm a melhor campanha da Libertadores, perderam a final de um campeonato nos pênaltis e estão bem encaminhados na copa do Brasil, por quê quem está feliz é o seu colega?”
Meu colega para não perder o costume disse que nós só sabemos perder deles, que se os enfrentarmos novamente iremos perder e toda a zoeira irritantemente conhecida.
O inglês questionou quantos times estão no campeonato e respondi que são 20, ida e volta totalizando 38 rodadas.
Então ele me disse “Isso quer dizer que mesmo se vocês perderem dois jogos ainda serão campeões e com bastante folga, além disso os times ainda tem muito a evoluir, visto que ainda tem um campeonato inteiro pela frente.” Ele parou por dois segundos e perguntou ao me colega e a mim:
“Qual dos dois times tem o melhor elenco?”.
Neste momento falei de boca cheia que nós vencíamos neste ponto.
Ele sorriu e disse: “Clássico não é campeonato, acho que consigo ver quem é o Burley e quem é o City do Brasil, o Corinthians é campeão regional, é verdade, mas o horizonte é bem mais verde, um jogo não ganha um campeonato.”.
O inglês escolheu um lado, afinal temos a melhor campanha, o melhor elenco, a melhor estrutura, e tudo mais.
E então o meu colega corintiano apelou para épocas passadas: “Eles gastaram uma fortuna num atacante que não rende o suficiente.”.
E o inglês intrigado perguntou: “Serio? Quantos gols ele fez esse ano?”.
E eu rapidamente
respondi: “14 gols em 20 e poucos jogos, no ano passado ele fez só 10, ainda
não tinha se adaptado.”.
Ele sorriu e perguntou: “Se o seu colega diz que ele não deu certo, acho que o artilheiro do time dele deve ter no mínimo uns 20...?”.
Por curiosidade, rapidamente fui pesquisar e o artilheiro deles têm 10 gols, é o tal Rodriguinho.
Neste momento parei e pensei: “Nossa torcida muitas vezes fica impaciente sem motivo, quase não
perdemos este ano, caímos na final, mas caímos batendo (e sendo roubados). E a Libertadores não poderia ser mais tranquila, literalmente, somos o MELHOR time do campeonato.”.
Enquanto eu
divagava comigo mesmo o inglês anunciou que precisava partir, mas que voltaria
ao final do ano, terminar o trabalho que começou. Ele disse que quando voltar
vamos nos encontrar novamente e que ele espera receber uma camisa do Palmeiras,
pois pela projeção dele seremos campeões de no mínimo um campeonato.
Cheguei em casa e percebi que ao conversar com esse cara fiquei mais animado e crente de que estamos evoluindo, que estamos em uma condição bem melhor que nosso inimigos. Precisamos apenas apoiar nosso time, para que a equipe dê continuidade ao trabalho, afinal nosso copo não está meio cheio, ou meio vazio... Nosso copo está totalmente cheio, só não vê quem olha lá de Itaquera.

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